22.6.06

Gota


Alguem k está longe merece este poema lindo k um dia recebi por sms.

És
O corpo que me desafia
A percorrer cada milímetro de pele.
Sou,
A gota que desliza,
Te beija
E deseja
E se aloja nos teus sentidos
Fazendo-te minha!!

14.6.06

Amizade e sexo...

Das coisas que mais se orgulhava na vida, era das óptimas relações que tinha vindo a construir com muitas pessoas. Especialmente com amigas mulheres.

Da forma intensa com que lhes dizia e mostrava que o seu afecto por elas era verdadeiro e do que isso lhes provoca sabia ele por experiência. Como dizia um vivido amigo, tratava-se simplesmente de deixar marcar nas pessoas. E na verdade era assim mesmo. Tratava-se de deixar a sua marca personalisada nas pessoas que gostava e naquilo que elas eram, de as fazer sentir redutoramente importantes para ele e de tudo o que isso representava nos seus relacionamentos pessoais. Adorava mais tarde conferir que amigos e amigas suas adoptaram como deles um pouco daquilo que lhes transmitia. E de forma natural fazia sentir aos outros que nesta ou naquela situação mais complexa se recordava deles pelos exemplos de vida que legavam. Uma considerável parte do seu mapa genético afectivo e intimo, era assim património de alguns amigos e amigas que o entendiam de forma cumplice e com quem partilhava as suas e deles experiências e exemplos.

Meses atrás por um mero acidente casual, juntou-se a um grupo restrito onde pontificavam trêz das suas amigas que se enquandravam exactamente no quadro anterior. Por sinal bem acompanhadas pelos legitimos compnaheiros. Importante destacar que a situação que á partida poderia ser potencialmente constrangedora não o era para ele. E pela simples razão de que apenas o afectava o que vinha de fora dele. Para ele, solteiro inverterado, mas incapaz de passar mais que duas noites seguidas sem companhia, o facto de ter ali á mesma mesa trêz mulheres e amigas que de uma ou outra forma tinham partilhado a sua intimidade, agravado pelo facto de se encontrarem acompanhadas, era um facto novo mas que enfrentava sem nenhum tipo de receio.

No fundo talvez aquela coincidencia não o fosse. Conhecia qualquer uma delas em profundidade e sabia que entre elas não existia outra afinidade senão ele. Aquelas tres mulheres pertenciam a um restrito grupo cuja ausência lhe pesava nos tempos de solidão. Eram pessoas importantes na sua vida. De cada uma delas guardava as melhores recordações de momentos de infinitas troca de opiniões e experiências pessoais e de noites de sexo inesquecíveis. No fundo cada uma delas era ainda sua amiga e tinha sido amante. E foram suas amantes no sentido de quem ama, porque as amara e ainda amava profundamente da forma mais bonita que se pode amar.

Gostava de cada um delas de forma diferente e por razões díspares. Cada uma representava um tempo maior ou menor na sua vida. Depois de terminada a relação física nunca tinha deixado de sentir por elas a mesma cumplicidade, o mesmo amor, no fundo a mesma amizade. Foram enquanto a chama ardeu, relações perfeitas. Eram hoje tanto ou mais importantes que antes.

Durante todas a sua vida apenas sabia relacionar-se assim. Cumplicidade, sexo, partilha, solidariedade, amizade. Sempre preferira aos homens, ter amigas mulheres. Principalmente aquelas que comungassem os seus gostos simples pela vida e por aquilo que ela proporcionava. Com a mesma felicidade as convidava para ir ao cinema, ao teatro, para um concerto, para passar a noite a fazer amor, uma tarde a passear no areal da praia ou até para ir ao futebol. Ou isto tudo ou nada. Nunca apenas uma possibilidade. Para que os seus relacionamentos fossem verdade todas as hipóteses tinham de ficar em aberto.

Era uma imagem da sua marca e quem o conhecia sabia disso. O prazer da companhia na partilha de prazeres totais tinha de estar subjacente ao prazer da partilha da cama. Porque, na sua opinião, um homem e uma mulher podem continuar a ser amigos mesmo fazendo amor. Deveria ser mesmo, esta a ancora de qualquer relacionamento de amizade entre duas pessoas livres de sexos opostos. Tal como para ele fazer amor sem amizade representava um completo desperdicio de prazer e de energias. Jamais iria para a cama com alguem com quem não existisse a possibilidade de manter, antes ou depois, uma conversa inteligente superior a duas horas.

Ali, naquele momento não planeado, estava bem clara a prova que a sua teoria era correta. Cada uma daquelas mulheres tinha encontrado com quem completar um ciclo nas suas vidas. Nenhuma delas o teria escolhido a ele nem ele se recriminava para isso. Terminada a relação com ele, ficara a ligação afectiva forte e a amizade incondicional. Cumpria-se assim o unico compromisso que tinha estabelecido com elas. Não existir nunca, compromisso nenhum. No fundo era um compromisso de nunca serem comprometidos, o que aquela noite provava á saciedade que resultara.

Nas estradas e caminhos das suas vidas elas trocaram a luxúria das noites vividas no seu modesto T0 em cama de solteiro, pela serenidade de uma queca semanal e um futuro cheio de crianças á volta. A adrenalina de noites inteiras sem dormir, pela paz segura de uma relação de papel passado.

Mas a indestrutibilidade da sua relação com elas não era a cama mas um compromisso bem maior. E ele estava ali bem representado quando em dado momento se olharam os quatro nos olhos e tiveram exactamente a certeza daquilo que estava a passar nas suas mentes. A ternura do momento selou aquelas vidas definitivamente na sua. Com memórias passadas de acontecimentos memoráveis. Com a cumplicidade dos justos e serenos com a vida.

Os amigos podem ser amantes. Tal como os amigos outrora amantes podem continuar a ser amigos toda a vida. Podem e deviam ser!.

13.6.06

Metades de mim!


Metades de mim

Que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca
...Porque metade de mim é o que eu grito... mas a outra metade é cobarde silêncio.

Que aqueles que amo incondicionalmente se mantenham fieis na memória desse amor
Que as mulheres que eu amei sejam para sempre amadas mesmo que distantes
...Porque metade de mim foi partir... mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como preces, nem repetidas com fervor, apenas respeitadas,
como a única coisa que resta a um homem inundado de tão contraditórios sentimentos
...Porque metade de mim é o que digo... mas a outra metade é o que me obriga a calar.

Que a minha vontade permanente de ir embora se transforme um dia, na calma e na paz que não mereço,
E que a tensão permanente que me corrói por dentro desapareça pelo menos durante um dia
...Porque metade de mim é o que vivi... mas a outra metade é o que sonhei viver.

Que o medo da solidão se afaste, e que o silêncio se torne ao menos suportável,
Que o espelho reflita em meu rosto os doces sorrisos perdidos na infância,
...Porque metade de mim é a lembrança do que fui... a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso uma simples alegria para me fazer amainar o espírito,
E que o teu silêncio me fale cada vez mais alto na ansia de despertar,
...Porque metade de mim é a linha do horizonte... mas a outra metade é cansaço.

Que a vida me aponte um caminho definitivo, mesmo que ela não saiba por onde,
E que ninguém tente obstruir essa estrada, porque o que ficou atrás está demasiado perto e o destino muito longe
...Porque metade de mim é esperança... e a outra metade é derrota.

Que os males que provoquei não se apaguem da memória dos outros
E que as recordações me mantenham lúcido na alquimia dos anos vividos.
Porque metade de mim foi cumplicidade.... e a outra metade foi arrependimento.

E que os erros, maus caminhos e loucuras assumidas, sejam perdoadas por quem me amar,
...Porque metade de mim é ainda amor.... e a outra metade, também.

Será isto uma carta de amôr?


Paixão,

quero que me escutes simplesmente
as palavras aqui vão escritas são de alguem
que em consciência sabe não poder ainda falar tudo
porque a nossa história não tem nada de convencional
e o mundo é cruel para aqueles que ousam inovar
porque quero muito um final feliz mas sei quão longo é o caminho

peço-te que leias estas palavras e as entendas
porque elas comemoram o reencontro interior de um homem ferido
que considerava ter perdido para sempre a capacidade de amar e ser amado
mas que descobriu em ti que afinal ainda vale a pena abrir o coração

durante os ultimos anos fiz de conta
que sentir algo assim não era importante nem necessário
mas é
e foste tú a provar-mo de forma inequivoca e indiscutível
e hoje este sentimento que me arrebata e motiva
não só é demasiado importante como começa a ser imprescindível

és talvêz a pessoa mais especial que conheci em toda a minha vida
não por seres muito bonita ou porque partilhes o gosto por coisas minhas
mas por algo bem mais profundo que beleza e afinidades ocasionais
porque te prometes-te inteira e te cumpriste na verdade e na entrega
porque adivinhas-te-nos os desejos mais simples
porque me deixas-te descobrir-te revelando-me aquilo que parecia perdido

sentires por mim amôr ou não pouco me importa neste momento
quero apenas dizer-te de forma bem clara aquilo que me vai dentro
quero falar-te da crescente dimensão da paixão que me invade a cada dia
dos desejos mal contidos de te ter a cada minuto
do ego ampliado pela vaidade de sentir meu corpo dentro do teu
do orgulho machista marialva e felizmente já esquecido
de saber que te fiz sentir mulher completa
dos extases partilhados em unissono na mais absoluta simbiose de corpo e mente
do poder estar ali ao teu lado completo e realizado
de te saber entregue por loucura e paixão
de te entregar-me todo a ti, recebendo-te

quero falar-te ainda dos sentidos
da vontade de te sentir comigo quando estás ausente
daquele presentimento unico de saber que vais chegar
das esperas angustiadas e ampliadas pelo desejo
dos encontros roubados á clandestinidade de uma qualquer cama
dos cheiros do tacto da pele queimando
da magia dos desejos em lava vindos de dentro de cada um
dos momentos mágicos em que teus lábios procuram os meus
dos corpos transpirados e partilhados e abusados
das palavras doces e provocatórias ditas com a vóz rouca do desejo
da serena dor dos momentos das partidas atenuada pela certeza dos regressos
... dos doces reencontros em que tudo recomeça

quero falar-te do meu eu mais intimo
da minha solidão quando estás fisicamente ausente
de quando mentalmente te convoco a mim e tú docemente vens
das minhas mãos que imagino as tuas repartindo caricias no meu corpo
dos meus dedos que guiam teus lábios desenhando circulos no meu peito
do sentir-te ali completa e inteira renovando em mim a paixão inacabada

quero falar-te de sublimes momentos mesmo simples ou menos importantes
como olhar o mar ou o horizonte no fim da tarde
como roubar um sorriso a uma criança
como revisitar o princepezinho pela milésima vêz
como lêr baixinho um poema de Florbela
como abrir uma porta antes fechada
... é na tua companhia que me sinto

não sou melhor ou pior que ninguem
sou apenas alguem que se atravessou no teu caminho
e se oferece hoje para dividir contigo a estrada
alguem que sabe ir cometer muitos erros nesta viagem
mas que te afirma estar disposto a pagar qualquer que seja o preço
... desde que a recompensa sejas tú

que quer reaprender a viver com a paixão que me ensinas dia a dia
sem ansia posse ou ciúme

mas antes de uma forma objectiva e nova
em que a partilha e a cumplicidade seja a unica regra obrigatória
quero ainda que saibas que apostarei a vida para o conseguir
com esperança com vontade e sobretudo com a serenidade que me transmites.

mas não foi apenas por isto que te escrevi estas palavras

a intenção primeira é dizer-te
que estou apaixonado por ti e que esta paixão me dá mt felicidade
porque que és um ser humano lindo e generosa
porque és uma mulher lúcida e inteligente
porque és uma mãe dedicada e presente
porque és uma amante unica e muito sensual
porque te quero e desejo muito fazer feliz
porque me sinto cada dia mais próximo de ti
porque partilhamos muitos identicos anseios

a intenção ultima é deixar-te a certeza de que sei convictamente
que amor não se compra ou se vende ou se inventa
conquista-se primeiro dentro de nós
que amor e paixão não se retribuem por apenas sexo
ou se enraízam na alma...
ou são apenas palavras

8.6.06

Irmã branca de coração africano!

Por alguma razão de espermatezóides XX mais lentos que os XY, os meus pais nunca tiveram nenhuma filha mulher. Apenas três filhos homens, o que ainda hoje obriga a minha velha mãe a aturar e servir como criada quatro machos egoístas e machistas sempre que se lembram de acampar lá em casa e sentar á mesa ás voltas com cozido á maneira dela, queijo de ovelha com presunto e vinho tinto carrascão do velho. O que ela diz fazer com muito prazer, o que é um dos enigmas da minha vida pois não gostaria de pensar que a velha é mentirosa e não entendo o porquê de tal prazer. Mas adiante..
O motivo desta prosa prende-se com o facto de eu ter adoptado, não sei se é o termo correto, uma irmã. Reflexo da inaptidão dos espermatezóides do kota ou não sei bem porquê, aconteceu numa fase da vida necessitar de uma alma femenina para desabafar. Trocando por miúdos. Adoptámo-nos um ao outro pela internet e depois selámos a escritura de adopção e amizade num dia e noite inesquecíveis na velha cidade de Coimbra já lá vão uns anitos. E hoje somos irmãos e amo-a assim mesmo. Raramente falamos mas sei que está lá. Nem sempre das poucas vezes que tenho oportunidade a vou visitar mas ela não se amofina com isso. De vêz em quando mando-lhe uma mensagem e leio-lhe os poemas todos os dias. De quando em vêz ela lê-me nas prosas e deve lembrar-se de mim algumas vezes tambem. Tudo normal, parecemos irmãos de sangue.
Hoje lembrei-me dela. Não por causa de algum poema mais inspirado escrito por ela, mas porque completou mais um aniversário. E para parecermos ainda mais irmãos de verdade eu não vou sequer incomodá-la a telefonar-lhe e quero apenas reafirmar que a amarei sempre porque os irmãos normalmente não se escolhem e a esta mana eu escolhi. Sinto falta dela, gosto dela, ela é talentosa, tem manias estranhas e um blog chamado romadevidro.blogspot.com. Chamo-lhe a minha mana preta e ela chama-me mano mulato e pronto... parabens mana.

Hoje se te desse uma prenda em mão lia-te olhos nos olhos e em vóz alta com sotaque desta Africa que amamos, este poema do velho embondeiro Luandino de que ambos devemos ter uma costela vertical:

SONS

A guitarra
é som antepassado

Partiram-se as cordas
esticadas pela vida.

Chorei fado.

Que importa hoje
se o recuso:

o ngoma é o som adivinhado!