31.1.08

Profecia!



Recupero-te na memória. Faz hoje precisamente cinco anos que de mala a tiracolo e a alma carregada de negro, deitei oito anos de vida em comum para a sargeta e bati com a porta para nunca mais.

Muito brevemente completar-se-ão outros cinco anos que, na unica ocasião em que pós separação tentamos ter um dialogo com nexo, me disseste estas palavras em tom profético,: “Um dia vais concordar que recomeçar longe um do outro é o melhor para nós”

Nesse momento decidi parar de apostar em cavalos mancos e principalmente de pensar em ti. Transferir todo o desperdicio de energias das noites de insónia, para coisas bem mais estimulantes e preversas. No fundo, recomeçar a viver mesmo que para isso tivesse de esquecer a consciencia boa.

E recomecei. Já sem insónias mas dormindo ainda menos que antes. Durante uma gloriosa mão cheia de meses, dividi com estrelas cadentes e decadentes como eu carne, cama e sobretudo cumplicidades amarguradas. Umas se apagaram na transpiração dos lençois por mudar, outras tiveram ainda menos fulgor. Algumas, poucas, deixaram o brilho da verdade e o reconhecimento amargo que podia ter ido mais alem. Só não sabia onde seria o tal de alem, tal como não sei ainda hoje. Nunca soube reconhecer fácilmente os momentos de ficar ou partir. É um problema de berço ou mesmo antes. Crónico e incurável.

Desse período épico com momentos sublimes mas tambem muita coisa inconfessável á mistura, um acidente de percurso acabou por fazer nascer a luz que me alimenta os dias, carregado de teimosia em viver.
Fada Sininho. Aquela que generosamente espalha e revigora com o seu pó mágico, este corpo e espirito consumidos de tantas lutas perdidas. Fada Sininho. Paixão incondicional. Espólio unico. Fonte de saber e de amor. Tesouro inegociável.

Recupero-te na memória para agradecer aos deuses do acaso, a confirmação da tua profecia.