5.10.06

A Paz!


Ontem foi o nosso dia da paz... No espirito globalizante dos tempos modernos impressionou-me este texto que retiro do Mulheres e Deusas (link na direita) e que fala exactamente da paz que não sabemos preservar e do caminho que estamos a percorrer como humanidade.

“Como é que, só no século vinte, os seres humanos tenham morto para cima de 100 milhões dos seus semelhantes humanos? Seres humanos a inflingirem a outros sofrimento de tal magnitude ultrapassa tudo o que possas imaginar. E isso sem levar em conta a violência mental, emocional e física, a tortura, a dor e a crueldade que eles continuam a infligir-se uns aos outrs assim como a outros seres viventes numa base diária.

Agem desta maneira por estarem em contacto com o seu estado natural, a alegria da vida interior? Claro que não. Só pessoas que estejam em estado profundamente negativo, que se sintam muito mal, criariam semelhante realidade como reflexo do que sentem. Agora estão empenhadas na destruição da Natureza e do Planeta que as sustenta. Inacreditável, mas verdade. A espécie humana está perigosamente louca e muito doente.” (...)

In “O PODER DO AGORA” de Eckhart Tolle

A Outra Margem


Uns anos atrás, amigos mais chegados, martelavam-me na cabeça sempre que me viam acompanhado por uma nova mulher. Embirravam solenemente com a facilidade com que dava corda a qualquer uma que fosse capaz de debater ou mesmo apenas concordar acerca de qualquer tema menos fútil, mais que quinze minutos sem perguntar se era casado, comprometido ou solteiro. Sempre preferi a companhia de mulheres á dos homens e por essa razão buscava incessantemente na alma femenina a inteligência capaz de me adomar a um sofá á volta de um livro ou a uma cadeira de cinema ou teatro e partilhar assim uma mesma visão que no final daria umas horas de compensador debate intelectual muitas vezes como aquecimento para a inevitável, ou não, contenda fisíca.

A natural quebra das convicções marialvas e donjuaninas, o que traduzido de forma clara quer dizer a idade, acabou arrefecendo este afã de viajante e explorador. Agora contento-me em buscar almas tão perdidas quanto a minha e por isso mais capazes de entender aquilo que nem eu sou capaz de perceber.

No acesso a cada mulher existe sempre como que um rio que tem de se transpôr. Da corrente desse rio depende a facilidade de chegar até lá ou mesmo o grau de desafio que representa a intenção. Já lutei com grandiosas ondas e já fui levado simplesmente ao colo. Claro que algumas vezes desisti mesmo antes de começar e em muitos casos afoguei-me. Ás vezes com a margem á vista.

Vem esta prosa divagante e molhada, a propósito de uma prespectiva de afogamento que se avizinha. A corrente altera-se a cada maré e transporta em cada enchente um sem numero de escolhos que impedem um percurso na direção correta. A força das vagas tem-me empurrado em cada tentativa para o ponto de partida. Presistentemente atiro-me de novo ao charco e, olhos e mente no objectivo, luto contra as ondas e a corrente. Em vão até agora. Acabo sempre esfalfado e esgotado na mesma praia.
Da outra margem chegam palavras de incentivo que ainda não produziram os efeitos desejados apesar da sincerdade. O unico efeito claro é o de me obrigarem sempre a retomar a luta e prometer mim mesmo a cada dia não desistir na esperança de uma bonança que permita chegar lá mas as forças começam a faltar.
Para terminar onde iniciei, falta apenas afirmar que aqueles que á uns anos quase me batiam de cada novo investimento, são agora aqueles que me oferecem colete salva-vidas e incentivam a atirar-me de cabeça para a outra margem. Vá lá um homem entender os amigos.