13.1.07

Noites Longas


Engavetou a vontade e arrumou o papel e a inspiração. Abortou pela nascença todas as intenções de escrever algo mais profundo. Ludibriou convicção e honestidade. Tentou debalde, apagar da memória os "flachebacks" dos ultimos dias. Deixou-se trespassar impotente pela incontornável certeza de não fazer a minima ideia de como gerir a tempestade originada pelo completo absurdo do mundo em que deixara penetrar. Suicidava-se a cada nova investida navegando á vista da antecamara do cadafalso. O silencio enchia-lhe os timpanos de insuportáveis sons cavos como que memorizados em viníl eterno. Perdera completamente a capacidade de se desligar.

A noite ia longa e a madrugada ameaçava romper apressada. Prolongar a agonia do momento era um exercicio masoquista, inócuo e absolutamente desnecessário. Absorveu-se na vã tentativa de se esquecer ao abandono da cabeça deitada entre os braços na secretária. Mas os nós não se desamarram com pensamentos inconsequentes mas sim com atitudes radicais. As batalhas vencem-se com estratégias e coragem. E esta guerra requeria muito mais do que se municiara em planeamento e vontade.

Desistiu-se quando os primeiros raios de sol espreitaram nas vidraça. Tarde, muito tarde para quem teria de trabalhar dai a poucas horas. Cedo, demasiado cedo, para quem a manhã representava mais um recomeço do pesadelo que ameacava eternizar-se.