15.6.11

A pulseira, o rabo de elefante e o píneu!!



Roubado de um blog que cheira a terra molhada por todos os poros!!



Mercado Pau Preto - Nampula - Potencial compradora "mukunia" e loira e um vendedor de pulseiras "rabo de elefante"

- Bom dia, senhor, novidades*?
- Tudo bem, não sei do seu lado...
- Salama**, obrigada.
- Ah... Senhora, estou a vender pulseira.
- Sim estou a ver, estas pulseiras são de quê?
- Rabo de elefante...
- Ah, muito bem. E custam quanto?
- Está a 20 cada uma...
- A 20 meticais? E quanto me faz se levar cinco?
- Fica a 15 cada uma.
. Está bem... E quem fez as pulseiras?
- Eu mesmo, mamã!
- Ah, muito bem, parabéns, são muito bonitas! Mas onde é que arranjou o rabo de elefante?
- É um caçador que vende.
- Um caçador? E onde é que ele caça?
- Não sei, mamã...
- Mas ele mata os elefantes para lhes cortar o rabo?
- [Atrapalhado, sem saber o que dizer a esta mukunya***, que nem comprava nem desgrudava literalmente do seu pé...] Não... corta o rabo, só!!!
- Hum... Olhe, pode dizer, que eu levo na mesma...
- O quê, mamã?
- Não são de elefante, pois não?
- [Com pouca convicção] São sim...
- Mas pode dizer, não tem problema...
- [Baixando os olhos, envergonhado] Ah, mamã... São di pineu...
- De quê?
- Di pineu, mamã.
- Mas o que é um pineu? É parecido com quê?
- Pineu... Não sabe o que é pineu? Pineu di carro!
- De pneu?!
- Sim, mamã. Nós corta o pineu di carro e dentro do pineu tem o miolo que faz o fio...
- Ah... Levo cinco, então!

* Novidades - Como está [de saúde]?
** Tudo bem.
*** Mukunya - Branca

7.6.11

Portugal


Portugal foi a votos. Um país enfraquecido pela crise mundial e por um governo dito socialista, de joelhos perante os tubarões financeiros, a banca agiota e os interesses corporativos e económicos daí resultantes. Dos cerca de 9,4 milhões de votos possíveis, 59% dos eleitores compareceu votando maioritariamente numa viragem á direita. 500.000 votos fizeram a diferença. Os restantes 41% alhearam-se da escolha. Saber que razões levam tantas pessoas a não votar e caracterizar o possível sentido de voto destes abstencionistas, será um trabalho para os estudiosos nestas coisas mas não deixa de ser interessante saber até que ponto ele influencia o resultado final.

Com a catastrófica situação das contas publicas, aquilo em que convictamente acredito é que com esta escolha, os socialmente desprotegidos, trabalhadores por conta de outros, desempregados, idosos reformados, mulheres, que são os verdadeiramente atingidos pela actual situação do país e são sem dúvida a maioria dos eleitores, estarão bem pior daqui a 4 anos que estão hoje.

Muitas das medidas de protecção social criadas nos últimos anos vão desaparecer ou serem reduzidas. Os impostos e os preços dos bens primários, vão aumentar o que atinge a totalidade dos portugueses, o custo e acesso ao crédito vão ficar mais difíceis, sendo que este item abrange cerca de 90% da população. Numa situação destas, impunha-se um estado mais virado à criação de almofadas sociais que amenizassem o choque brutal que já começou. Com a direita nada disto vai acontecer. Será certo que os salários serão congelados durante 3 anos ou mesmo diminuídos e o acesso barato a direitos universais como saúde, segurança, transportes e educação, serão dificultados ou mesmo vedados. Isto para não falar do emprego jovem que será o maior problema da próxima década. Ter milhares ou mesmo milhões de jovens desocupados ou em empregos precários é potencialmente equivalente a viver em cima de uma bomba relógio com o programador avariado.

Estou também certo que todos aqueles que têm aproveitado esta crise para engordar as suas já anafadas contas bancárias, que são claramente a minoria, estarão ainda mais ricos no final da legislatura. Os gestores da crise são seus representantes eleitos e só não tirarão o máximo proveito da situação se forem burros. E claramente não o são.

Por esta razão não entendo porque a maioria dos eleitores que foram ás urnas votou á direita e menos ainda, porque parte significativa dos eleitores escrutinados se absteve de votar. Muito provavelmente a inexistência de uma figura carismática e credível na esquerda social, a arrogância obstinada de Sócrates, a inépcia politica de Lousã e o discurso empedernido e repetitivo dos comunistas, sejam uma explicação. Mas não è conclusiva para mim. Até porque, ao contrário dos primeiros, estou em crer que aqueles que de alguma forma se têm beneficiado destes tempos difíceis, estiveram lá todos a colocar o voto.

O sistema democrático com todas as suas virtudes inatacáveis, é também em situações como esta de uma perversidade atroz.