19.12.08

Os meus votos


Por norma posiciono-me como desalinhado com festas natalicias e de final de ano e completamente contra o consumismo irracional que domina esta época. Porque vivo num País e numa sociedade onde se tropeça a cada instante na miséria fisica e moral mais profunda, confunde-me a insensibilidade instalada e sobretudo a gritante desigualdade entre os afortunados filhos e os milhões de deserdados. Sobretudo porque sei que ainda á três décadas atrás todos eram muito mais iguais nas tristezas e nas alegrias.


Muito por este meu desencantamento em relação ao período que vivemos deve-se á hipocrisia instalada nas relações inter-pessoais. Por exemplo, não consigo ficar indiferente quando recebo aqueles postais ou emails de boas festas enviados a "grosso" e provenientes na maioria das vezes de pessoas que ao longo do ano raramente nos dirigiram palavra e que nesta altura para alivio da consciência se dão ao trabalho de desejar festas felizes e quejandos. Claro que não os apago ou rasgo sem lêr. Mas, salvo raras excepções, não me provocam nada que se pareça com emoções saudáveis.


Por essa razão venho aqui postar, para desejar aqueles que fazem o favôr de visitar esta página de quando em vêz, que sejam felizes. Sempre. E que partilhem essa felicidade e a exercem com paixão a cada dia do ano nunca a separando da prática da solidariedade e da tolerância para com aqueles a quem amam e para com todos aqueles que sofrem no dia a dia, o infortunio de serem os filhos enteados e bastardos deste mundo.

10.12.08

Opções


... Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se
-Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E quando haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...
Fernando Pessoa