25.10.07

Grito último

Tenho o ventre cheio de palavras.
Não se expelem, as malditas!
Enchem-me de sons e becos
que sei, amor, nada dizem.
Nada para além do indizível.

Embalo-te num afago e sei
que a tua dor foi e é e será a minha.
Afinal...
estamos juntos no abismo da vida.
Afinal só tu poderias entender
o beijo que não sei beijar nas palavras.

Só tu poderias carregar a minha
dor contigo. Nos teus genes.
Na tua incapacidade de ser.
Na tua imperfeição tão perfeita,
meu amor. Tão...
perfeita.

Fogem-me as palavras
o grito último.
Repouso no teu colo
e beijo-te os dedos, faminta.

Só tu meu amor.
Só tu.

(Fairy-Morgaine)