Das coisas que mais se orgulhava na vida, era das óptimas relações que tinha vindo a construir com muitas pessoas. Especialmente com amigas mulheres.
Da forma intensa com que lhes dizia e mostrava que o seu afecto por elas era verdadeiro e do que isso lhes provoca sabia ele por experiência. Como dizia um vivido amigo, tratava-se simplesmente de deixar marcar nas pessoas. E na verdade era assim mesmo. Tratava-se de deixar a sua marca personalisada nas pessoas que gostava e naquilo que elas eram, de as fazer sentir redutoramente importantes para ele e de tudo o que isso representava nos seus relacionamentos pessoais. Adorava mais tarde conferir que amigos e amigas suas adoptaram como deles um pouco daquilo que lhes transmitia. E de forma natural fazia sentir aos outros que nesta ou naquela situação mais complexa se recordava deles pelos exemplos de vida que legavam. Uma considerável parte do seu mapa genético afectivo e intimo, era assim património de alguns amigos e amigas que o entendiam de forma cumplice e com quem partilhava as suas e deles experiências e exemplos.
Meses atrás por um mero acidente casual, juntou-se a um grupo restrito onde pontificavam trêz das suas amigas que se enquandravam exactamente no quadro anterior. Por sinal bem acompanhadas pelos legitimos compnaheiros. Importante destacar que a situação que á partida poderia ser potencialmente constrangedora não o era para ele. E pela simples razão de que apenas o afectava o que vinha de fora dele. Para ele, solteiro inverterado, mas incapaz de passar mais que duas noites seguidas sem companhia, o facto de ter ali á mesma mesa trêz mulheres e amigas que de uma ou outra forma tinham partilhado a sua intimidade, agravado pelo facto de se encontrarem acompanhadas, era um facto novo mas que enfrentava sem nenhum tipo de receio.
No fundo talvez aquela coincidencia não o fosse. Conhecia qualquer uma delas em profundidade e sabia que entre elas não existia outra afinidade senão ele. Aquelas tres mulheres pertenciam a um restrito grupo cuja ausência lhe pesava nos tempos de solidão. Eram pessoas importantes na sua vida. De cada uma delas guardava as melhores recordações de momentos de infinitas troca de opiniões e experiências pessoais e de noites de sexo inesquecíveis. No fundo cada uma delas era ainda sua amiga e tinha sido amante. E foram suas amantes no sentido de quem ama, porque as amara e ainda amava profundamente da forma mais bonita que se pode amar.
Gostava de cada um delas de forma diferente e por razões díspares. Cada uma representava um tempo maior ou menor na sua vida. Depois de terminada a relação física nunca tinha deixado de sentir por elas a mesma cumplicidade, o mesmo amor, no fundo a mesma amizade. Foram enquanto a chama ardeu, relações perfeitas. Eram hoje tanto ou mais importantes que antes.
Durante todas a sua vida apenas sabia relacionar-se assim. Cumplicidade, sexo, partilha, solidariedade, amizade. Sempre preferira aos homens, ter amigas mulheres. Principalmente aquelas que comungassem os seus gostos simples pela vida e por aquilo que ela proporcionava. Com a mesma felicidade as convidava para ir ao cinema, ao teatro, para um concerto, para passar a noite a fazer amor, uma tarde a passear no areal da praia ou até para ir ao futebol. Ou isto tudo ou nada. Nunca apenas uma possibilidade. Para que os seus relacionamentos fossem verdade todas as hipóteses tinham de ficar em aberto.
Era uma imagem da sua marca e quem o conhecia sabia disso. O prazer da companhia na partilha de prazeres totais tinha de estar subjacente ao prazer da partilha da cama. Porque, na sua opinião, um homem e uma mulher podem continuar a ser amigos mesmo fazendo amor. Deveria ser mesmo, esta a ancora de qualquer relacionamento de amizade entre duas pessoas livres de sexos opostos. Tal como para ele fazer amor sem amizade representava um completo desperdicio de prazer e de energias. Jamais iria para a cama com alguem com quem não existisse a possibilidade de manter, antes ou depois, uma conversa inteligente superior a duas horas.
Ali, naquele momento não planeado, estava bem clara a prova que a sua teoria era correta. Cada uma daquelas mulheres tinha encontrado com quem completar um ciclo nas suas vidas. Nenhuma delas o teria escolhido a ele nem ele se recriminava para isso. Terminada a relação com ele, ficara a ligação afectiva forte e a amizade incondicional. Cumpria-se assim o unico compromisso que tinha estabelecido com elas. Não existir nunca, compromisso nenhum. No fundo era um compromisso de nunca serem comprometidos, o que aquela noite provava á saciedade que resultara.
Nas estradas e caminhos das suas vidas elas trocaram a luxúria das noites vividas no seu modesto T0 em cama de solteiro, pela serenidade de uma queca semanal e um futuro cheio de crianças á volta. A adrenalina de noites inteiras sem dormir, pela paz segura de uma relação de papel passado.
Mas a indestrutibilidade da sua relação com elas não era a cama mas um compromisso bem maior. E ele estava ali bem representado quando em dado momento se olharam os quatro nos olhos e tiveram exactamente a certeza daquilo que estava a passar nas suas mentes. A ternura do momento selou aquelas vidas definitivamente na sua. Com memórias passadas de acontecimentos memoráveis. Com a cumplicidade dos justos e serenos com a vida.
Os amigos podem ser amantes. Tal como os amigos outrora amantes podem continuar a ser amigos toda a vida. Podem e deviam ser!.
2 comentários:
«Porque, na sua opinião, um homem e uma mulher podem continuar a ser amigos mesmo fazendo amor. Deveria ser mesmo, esta a ancora de qualquer relacionamento de amizade entre duas pessoas livres de sexos opostos.»
Dizer mais que isto é repetir-me, por isso deixo as tuas palavras em vez das minhas.
Apena sporque concordo letra por letra...
Beijo doce
Ao contrario de ti acho que a amizade e sexo nao se completam, se contrariam. Como disse alguem sexo e dois e amizade...pode ser um, sim eu posso gostar de ti e tu nao gostares de mim...ja o sexo e uma entrega total de dois corpos e muitas vezes nao de duas almas.
Nao sera a amizade e sexo utopia?Tuchamz
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