Jossias, ronga atrevido, vivido e experiente, travava os impulsos dentro das calças lançando olhares famintos nas ancas falantes de Lucília que, jurava ele, lhe chamavam de cada vez que ela se passeava frente á sua secretária. Sofrimento, chamava ele áquela visão diária, ali tão perto e ao mesmo tempo a cada dia mais inatingível.
Celeste negra escura de Mueda, redonda toda ela, carapinha rebelde, mais rouge que pele, mais baton que lábios, deixava transparecer sem sequer disfarçar o intenso desejo que Jossias lhe despertava quando lhe olhava implorante. Sentada frente áquele pedaço de pecado, despia-o várias vezes ao dia com os olhos, enquanto lhe imaginava o corpo de macho colado ao seu. Suspirava ao mesmo tempo que lhe procurava os olhos ou subia prepositadamente a saia deixando á mostra as anafadas coxas que ele parecia nem querer olhar.
Celeste suspirava e despia mentalmente Jossias que cegava parcialmente a cada investida enquanto Jossias sonhava com as ancas dançantes de Lucilia que lhas negava em cada avanço. Assim se escorriam no tempo os dias naquela sala de trabalho, numa atmosfera cada vêz mais tensa de mal disfarçados desejos reprimidos e ciúmes, testemunhados pelos olhares vigilantes de Lucas o chefe de repartição.
Jossias compensava de forma solitária e frequente aquele sofrimento escaldante na intimidade do arquivo morto, na mal conseguida tentativa de se aliviar de tanto volume e tão tentadoras visões. E foi aí que Celeste o encontrou uma tarde manejando o objecto fulcral dos seus calores e de tantos suores infrutíferos. E foi aí que depois de trancar a porta se ajoelhou e se aninhou entre as suas pernas como em súplica: - É hoje Jossias...
Jossias negou a boca da negra Celeste e instintivamente repeliu-a, não porque não desesperá-se por um alivio momentaneo mas muito porque as ancas marrabentosas de Lucilia não lhe saiam de dentro como espinha cravada na garganta. Afogueado saíu apressado deixando atrás de si um par de joelhos colados ao sujo soalho e duas lágrimas a correrem na face de Celeste.
Lucas, o vigilante chefe de repartição ainda o viu passar descomposto tentando desajeitadamente fechar o zip, quase correndo em direção ao WC. Ali concluíria o alivio inacabado, moendo a raiva de imaginar as ancas roliças de Lucilia rebolando entre as mãos ásperas de Lucas enquanto a imagem das duas lágrimas de Celeste lhe escoriam ainda na alma frustrada…
Moral da história:
Mais vale uma Celeste gordinha de joelhos no arquivo morto, que uma Lucília gingona, nas horas extras sentada na secretária do chefe Lucas.
2 comentários:
sem comentarios...para que palavras?Bjs
Ja me esquecia... forca Celeste quem sabe um dia o calor da tua boca ainda apague o fogo de Jossias... ou quem sabe aumente. Bjs
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