28.10.06

Hoje acordei assim!

Florbela Espanca

Se tu viesses ver-me...


Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

1 comentário:

La Strega disse...

As vezes perguntas-te... o que faz entender uma alma, se nada ha que nos cruze as vidas, excepto momentos fugazes de dores perdidas que nos deixam sentir poetas em pleno... e depois descobres e percebes, que e uma eternidade de caminhada conjunta, em que todos e so os silencios fazem sentido.