3.5.07

Noite de viagem


Amei a tua inquietação; e disseste-me que
te amei sem saber porquê, que as marés anunciavam
o luar que não chegou, que não foi preciso
olhar o fundo transparente das palavras
para que a sua verdade nos tocasse, que a tua mão
colheu o fruto da primeira árvore sem que nada
o impedisse.


Amei-te sem ter a certeza da manhã, sem ouvir
o vento que fez bater as janelas num eco do passado,
sem correr as cortinas do mundo para que
ninguém nos visse, sem apagar do teu rosto
o brilho da vida, enquanto as aves dormiam,
e o licor do sonho se derramava sobre os corpos
que cortavam a noite.


Mas ao seguir o seu rumo, o azul
floresceu das cinzas, a música despontou
dos silêncios da madrugada, e os teus olhos
amanheceram quando me disseste que
te amei, sem saber porquê.

Nuno Júdice em: http://www.aaz-nj.blogspot.com/

3 comentários:

Avid disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Ilustre Desconhecido
Bela combinação da foto e do poema do Nuno Júdice. Ele escreve na realidade encanto e não palavras. Leio-lhe sentimentos e não versos. Tens muito bom gosto. Alias esse é um dos motivos que me faz visitar-te sempre que posso e comentar quando escreves e lamentar quando não o fazes. Acho que já reparaste que esta anónima não vive sem dar um pulinho por aqui.
Bjs doces

Anónimo disse...

Boa escolha...



E hoje é dia de 1.000.000 aparece por lá ;-)
Beijo doce