25.10.07

Grito último

Tenho o ventre cheio de palavras.
Não se expelem, as malditas!
Enchem-me de sons e becos
que sei, amor, nada dizem.
Nada para além do indizível.

Embalo-te num afago e sei
que a tua dor foi e é e será a minha.
Afinal...
estamos juntos no abismo da vida.
Afinal só tu poderias entender
o beijo que não sei beijar nas palavras.

Só tu poderias carregar a minha
dor contigo. Nos teus genes.
Na tua incapacidade de ser.
Na tua imperfeição tão perfeita,
meu amor. Tão...
perfeita.

Fogem-me as palavras
o grito último.
Repouso no teu colo
e beijo-te os dedos, faminta.

Só tu meu amor.
Só tu.

(Fairy-Morgaine)

10.10.07

Nada em troca!

"Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. (...) Eu sei assim reconhecer aquele que ama verdadeiramente: é que ele não pode ser prejudicado. O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca."
(Antoine de Saint-Exupéry)

9.10.07

Infernos

Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que no meio do inferno não é inferno, e preservá-lo e assim abrir espaços de precepção.” (150)
Ítalo Calvino- "As cidades invisíveis"