EXÓRDIO
Maimuna era uma mulher exuberante mesmo nos seus 65 anos de idade, restos dos tempos da sua beleza radiosa, do ano de 1960 com 20 anos. Era daquele tipo de mulher de pele de veludo cor de cacau que antes de entrar num sítio já estava entrando com seus mísseis Pershing peitorais, made in Moçambique, dali dos lados de Inhambane. E depois de sair passando por uma porta, ainda estava saindo com o seu Bundastag rico e volumoso como um Parlamento, mas para melhor, pois muito bem torneado, proporcionalmente. Aliás era no seu Parlamento (de Maimuna), onde grandes debates poliglotas tinham tido lugar. Isso, antes da queda (?!) do muro da vergonha das bandas da Araújo street, na antiga Lourenço Marques do xicolonhi muMadji, vulgo Português de “Lijibóa”.
Bem, Maimuna tinha um corpo fantástico, adelgaçando-se numa cintura fina, cintura de pilão explodindo numas ancas poderosas e afunilando-se no seu centralismo democrático, num estreito de Gibraltar com um V de vitórias confirmadas, dos inúmeros desembarcados na praia molhada de Dunkerque, do seu canal de Moçambique. Maimuna, provinha de Inhambane, conhecida pelas noitadas dos bailes de “chongaria” no barracão em “Santarém” no meio do coqueiral, não longe da Fortaleza na terra dos “fai Kóko”. Região de especialistas da cozinha fina “afrodisíaca”, de mariscos com leite de coco ou de amendoim, arroz branco solto, “ashar” de manga picante e da deliciosa casquinha de caranguejo de Inhambane e ainda bolinhos, chá carregado tipo Ceilão, bem quente, com leite condensado. Mas isso são coisas do passado em que Maimuna coitada, depois de abandonar a terra natal “migrando” para caMpfumo (Lourenço Marques), sobreviveria na Araújo street, hoje reclassificada como rua de Bagamoyo, em (des) homenagem a essa escola dos tempos da luta armada contra o “inkalonhi mupuiti”. Traduzido do kiMakonde, dará colono português.
DESENVOLVIMENTO
Ironicamente, Bagamoyo (Tanzânia), ao contrário desta (rua), Bagamoyo falsa, era uma escola secundária por onde passaram quadros do Moçambique Independente. A rua Bagamoyo em Maputo, é uma reciclagem da rua Araújo “ mui mal parida” da prostituição. Na verdadeira Bagamoyo em Tanzânia (1968 / 1974), pelo menos nesse tempo, não se falsificavam certificados de acesso à Universidade. Actualmente, talvez seja possível não ter a 9 ª classe e com o dinheiro do pai comprar em alguma Escola Secundária ou Universidade Moçambicana, esse acesso Universitário e com mais dinheiro e sorte lá virá uma bolsa de estudo talvez para Portugal onde esse estudante poderá se alienar totalmente. Não havia o mínimo de bases ao sair de Moçambique. O que esperavam? Milagres ou maCumba? Pior que no tempo colonial dos “negros assimilados portugueses”. Esses pelo menos tinham “staile e finesse”. Bebiam conhaque com os “ drs brancos”, fumavam charuto, e a maioria só com 4ª classe. Até se davam ao luxo de brincar com a língua portuguesa escrita, falada e de bonita caligrafia. Tal era o nível superior para irritação do cantineiro “reinol”, vindo do “Reino” de Portugal. Ele que vinha civilizar os “pretos” sairia civilizado com estes. É !! Contradições do colonialismo em África!
CONCLUSÃO
Mas voltemos à nossa personagem. Maimuna, Rafique (amiga em suahili), seu nome de nascença. Foi apelidada de Bundastag por um marinheiro alemão –, o Fritz de Hamburgo, freguês habitual, quando o seu navio mercante aportava a LM, cidade colonial capital. Essa assiduidade germânica, ficaria impressa no código genético dos olhos verdes e cabelo alourado de um de seus filhos.
Em 2005, Maimuna já uma respeitável senhora e avó de família, andava triste. Passara por todo um processo de auto-reabilitação com o seu engajamento (não dos “gajos” que conheceu), mas sim nacionalista no assumir de uma consciência de pessoa humana, vítima também de um colonialismo que pelos vistos a perseguiria (não a eterna “Perseguida” no meio das suas coxas), mas perseguida pelo passado (com suas “ex-colegas”), através de fotografias expostas no carrossel das auto – estradas da comunicação. Torna-se grave, sem a devida auto-censura, no mínimo, tapando os olhos das retratadas, reconhecíveis pelos seus descendentes, amigos e sabe – se lá mais quem. Este tema na “Linha d'Água”, não se afundou e navega muito bem pelas auto-estradas do cyber espaço neste momento. Abusar passados 45 anos, ainda, com as inguavaniçes (prostituições) da imagem, à custa das coitadas vítimas do xicolonhi, é indigno. Talvez porque essas mulheres retratadas, sejam material de ÉBANO (para os autores), e não seres humanos.
Daí a insistência “exibicionista” para gáudio da sociedade machista e as mulheres infelizmente ainda batem palmas. Se isso fosse na Europa ou América, sem consentimento das visadas, dava Tribunal, porque NÃO PRESCREVE no tempo.
Maimuna era uma mulher exuberante mesmo nos seus 65 anos de idade, restos dos tempos da sua beleza radiosa, do ano de 1960 com 20 anos. Era daquele tipo de mulher de pele de veludo cor de cacau que antes de entrar num sítio já estava entrando com seus mísseis Pershing peitorais, made in Moçambique, dali dos lados de Inhambane. E depois de sair passando por uma porta, ainda estava saindo com o seu Bundastag rico e volumoso como um Parlamento, mas para melhor, pois muito bem torneado, proporcionalmente. Aliás era no seu Parlamento (de Maimuna), onde grandes debates poliglotas tinham tido lugar. Isso, antes da queda (?!) do muro da vergonha das bandas da Araújo street, na antiga Lourenço Marques do xicolonhi muMadji, vulgo Português de “Lijibóa”.
Bem, Maimuna tinha um corpo fantástico, adelgaçando-se numa cintura fina, cintura de pilão explodindo numas ancas poderosas e afunilando-se no seu centralismo democrático, num estreito de Gibraltar com um V de vitórias confirmadas, dos inúmeros desembarcados na praia molhada de Dunkerque, do seu canal de Moçambique. Maimuna, provinha de Inhambane, conhecida pelas noitadas dos bailes de “chongaria” no barracão em “Santarém” no meio do coqueiral, não longe da Fortaleza na terra dos “fai Kóko”. Região de especialistas da cozinha fina “afrodisíaca”, de mariscos com leite de coco ou de amendoim, arroz branco solto, “ashar” de manga picante e da deliciosa casquinha de caranguejo de Inhambane e ainda bolinhos, chá carregado tipo Ceilão, bem quente, com leite condensado. Mas isso são coisas do passado em que Maimuna coitada, depois de abandonar a terra natal “migrando” para caMpfumo (Lourenço Marques), sobreviveria na Araújo street, hoje reclassificada como rua de Bagamoyo, em (des) homenagem a essa escola dos tempos da luta armada contra o “inkalonhi mupuiti”. Traduzido do kiMakonde, dará colono português.
DESENVOLVIMENTO
Ironicamente, Bagamoyo (Tanzânia), ao contrário desta (rua), Bagamoyo falsa, era uma escola secundária por onde passaram quadros do Moçambique Independente. A rua Bagamoyo em Maputo, é uma reciclagem da rua Araújo “ mui mal parida” da prostituição. Na verdadeira Bagamoyo em Tanzânia (1968 / 1974), pelo menos nesse tempo, não se falsificavam certificados de acesso à Universidade. Actualmente, talvez seja possível não ter a 9 ª classe e com o dinheiro do pai comprar em alguma Escola Secundária ou Universidade Moçambicana, esse acesso Universitário e com mais dinheiro e sorte lá virá uma bolsa de estudo talvez para Portugal onde esse estudante poderá se alienar totalmente. Não havia o mínimo de bases ao sair de Moçambique. O que esperavam? Milagres ou maCumba? Pior que no tempo colonial dos “negros assimilados portugueses”. Esses pelo menos tinham “staile e finesse”. Bebiam conhaque com os “ drs brancos”, fumavam charuto, e a maioria só com 4ª classe. Até se davam ao luxo de brincar com a língua portuguesa escrita, falada e de bonita caligrafia. Tal era o nível superior para irritação do cantineiro “reinol”, vindo do “Reino” de Portugal. Ele que vinha civilizar os “pretos” sairia civilizado com estes. É !! Contradições do colonialismo em África!
CONCLUSÃO
Mas voltemos à nossa personagem. Maimuna, Rafique (amiga em suahili), seu nome de nascença. Foi apelidada de Bundastag por um marinheiro alemão –, o Fritz de Hamburgo, freguês habitual, quando o seu navio mercante aportava a LM, cidade colonial capital. Essa assiduidade germânica, ficaria impressa no código genético dos olhos verdes e cabelo alourado de um de seus filhos.
Em 2005, Maimuna já uma respeitável senhora e avó de família, andava triste. Passara por todo um processo de auto-reabilitação com o seu engajamento (não dos “gajos” que conheceu), mas sim nacionalista no assumir de uma consciência de pessoa humana, vítima também de um colonialismo que pelos vistos a perseguiria (não a eterna “Perseguida” no meio das suas coxas), mas perseguida pelo passado (com suas “ex-colegas”), através de fotografias expostas no carrossel das auto – estradas da comunicação. Torna-se grave, sem a devida auto-censura, no mínimo, tapando os olhos das retratadas, reconhecíveis pelos seus descendentes, amigos e sabe – se lá mais quem. Este tema na “Linha d'Água”, não se afundou e navega muito bem pelas auto-estradas do cyber espaço neste momento. Abusar passados 45 anos, ainda, com as inguavaniçes (prostituições) da imagem, à custa das coitadas vítimas do xicolonhi, é indigno. Talvez porque essas mulheres retratadas, sejam material de ÉBANO (para os autores), e não seres humanos.
Daí a insistência “exibicionista” para gáudio da sociedade machista e as mulheres infelizmente ainda batem palmas. Se isso fosse na Europa ou América, sem consentimento das visadas, dava Tribunal, porque NÃO PRESCREVE no tempo.
João Craveirinha
1 comentário:
Para ficar mais completo e dentro do contexto com que foi publicado:
MAIMUNA BUNDASTAG
da Araújo Street
Conto ex- Erótico
Sábado, 12 Março 2005
por João Craveirinha
para complementar este texto indignado do Engº Luís Loforte:
“O PÃO NOSSO DE CADA NOITE”
Eternamente amargo?
publicado no CM de Maputo:
Ano IX
Nº 2030 Terça-feira 08/Março/2005
Editor: Refinaldo Chilengue
Correio da manhã
FUNDADO EM 10 DE FEVEREIRO DE 1997
(coluna)
Linha d'água: Por Luís Loforte
"O PÃO NOSSO DE CADA NOITE"
Eternamente amargo?
Folheei pela rama o livro recentemente publicado sobre as memórias nocturnas do nosso decano da fotografia Ricardo Rangel, sem que tal me impedisse de ficar com a ideia de como era a "Rua
do Pecado" dos tempos idos em Lourenço Marques.
Nem teria sido preciso, porquanto a imprensa já muito destaque dera ao álbum fotográfico. Da arte de
fotografar pouco entendo, mas isso não me impede de fazer um pequeno pronunciamento à volta do livro.
É provável que existam teses que não vislumbrem mal algum uma pessoa escarrapachar fotografias de
gente nos seus "affairs", sem a mínima preocupação de proteger a sua intimidade ou lhe salvaguardar a dignidade junto dos seus descendentes. Se essas teses existem, eu as desconheço em absoluto. Manda todavia a ética dizer que devemos respeito a todo o
ser humano, independentemente da sua condição e do tempo em que ele viveu. Façamos simples operações
de somar e subtrair para que nos possamos entender.
Com a idade, hoje, do nosso respeitado fotógrafo Rangel, com toda a certeza as muitas raparigas
retratadas no seu livro deveriam ser mais novas, bem mais novas. Aliás, naquela vida só as viçosas eram(são) atractivas. Acredito, por isso, que muitas delas
estejam ainda vivas e, se calhar, com lares formados,filhos e netos da sua gesta.
Sei que em Moçambique temos progressivamente sido avessos à discussão das matérias relacionadas
com a ética e com a moral, tendo-nos transformado no país que somos nestas questões, mas entendo
que em relação ao livro de Ricardo Rangel poderíamos,quem sabe, reiniciar estes debates. Sem preconceitos.
Sim, sem preconceitos porque não vale dizer que em relação àquelas mulheres não se equacionam os
problemas da ética e da moral. Isso não. Todas as pessoas podem mudar. E mais: podem ter filhos que, mesmo sabendo que as mães foram o que as fotos retratam, não gostem que alguém ache que pode
devassar as suas vidas. E se calhar têm toda a razão para assim pensarem.
Pretende-se assim que o pão daquelas mulheres seja eternamente amargo e até para os seus descendentes?
Já agora, o que pensa, por exemplo a OMM,sobre isto?
E a Liga dos Direitos Humanos? Todos nós, afinal?
Vamos, por favor, discutir!●
Luís Loforte.
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